Fissuração não estrutural dos revestimentos em paredes
Não
é incomum verificar degradação acentuada em paredes exteriores nas
construções em Portugal nomeadamente em paredes construídas em
alvenaria de tijolo furado.
Regra
geral, em construções para habitação ou serviços, estes tipos
de elementos são compostos, do interior para o exterior, por uma
camada de pintura, estuque sobre uma camada de argamassa de reboco,
1º pano de alvenaria em tijolo furado, caixa de ar com isolamento
térmico-acústico, 2º pano em alvenaria de tijolo furado geralmente
de maior espessura, uma camada de argamassa de reboco e 2 camadas de
pintura.
As
patologias que incidem neste tipo de sistema de construção podem
ser de causa humana ou natural, senão vejamos:
Causas
humanas:
Ausência,
má conceção ou má interpretação do projeto;
Falta
de fiscalização na execução da obra que muitas vezes altera a
obra relativamente ao descrito no projeto;Quantificação inadequada das ações em sede de projeto estrutural;
Falta de qualidade dos materiais empregues;
Alteração na utilização da construção;
Alterações ou remodelações na construção sem que seja executado estudo.
Causas
naturais:
Variações
térmicas, vento, chuva;
Oxidação
ou carbonatação dos materiais;Crescimento de fungos, musgos, raízes;
Atividade sísmica, tempestades, fogo, explosões, etc.;
Cada
uma destas causas pode provocar variadíssimas formas patológicas e
consequente degradação das paredes nas construções. Abordemos
hoje a fissuração das argamassas de reboco, anomalia muito comum
nas nossas paredes quer exteriores quer interiores.
Se
é verdade que este tipo de fissuras não prejudica o desempenho
estrutural quer do elemento parede quer da própria estrutura, não
será menos verdade afirmar que, nos paramentos exteriores, esta
patologia compromete seriamente a estanquicidade á água da
envolvente exterior pondo em causa um dos seus requisitos mais
importantes.
Outros
fatores serão ainda afetados tais como a durabilidade e integridade
do sistema bem como a aderência á base dos rebocos.
As
fissurações das argamassas em paredes interiores apenas comprometem
o seu aspeto estético quando observadas fora dos locais de produção
de vapor de água, nos locais como instalações sanitárias ou
cozinhas ficará igualmente afetado o seu desempenho de
estanquicidade.
O
fenómeno de desenvolvimento de fissuras não estruturais nas
argamassas de reboco e que depois se propagam ás camadas de pintura,
azulejos, mosaicos ou qualquer outro material não elástico que lhe
esteja colado, podem ser causadas por retração, cura inadequada,
variações de temperatura, movimentação higroscópica, uso de
inertes (areias) contaminados, uso inadequado nas quantidades dos
ligantes (cimento/cal), entre outros.
Em
geral este tipo de fissuras revela-se no revestimento (pintura,
azulejos, mosaicos...) deixando á mercê dos agentes atmosféricos,
nomeadamente da água da chuva, a função da parede comprometendo o
seu desempenho em questões tão importantes como a questão estética
e a sua estanquicidade á água.
Consequentemente
funções como o desempenho térmico e acústico ficarão igualmente
afetadas. Poderemos ainda incluir como consequência o
desenvolvimento de bolores e a criação de condições adequadas á
fixação de fungos, líquenes e bactérias nos paramentos exteriores
que posteriormente desenvolvem raízes e provocam uma degradação
mais acentuada nomeadamente em paredes exteriores pudendo levar ao
destacamento das argamassa de reboco.
Evitar
este tipo de patologia passa por garantir, no decorrer da construção,
a utilização de materiais adequados ao tipo de construção e local
onde se constrói bem como a utilização de mão-de-obra adequada ao
trabalho a executar.
Eliminar
estas patologias pode requerer a conjunção de várias ações:
- Tratamento de fissuras mais relevantes;
- Remoção completa ou parcial das camadas de tinta;
- Secagem das argamassas e/ou da estrutura de suporte (pano de alvenaria);
- Limpeza e tratamento da superfície afetada;
- Aplicação de pintura com tinta apropriada e nas camadas necessárias.
Como
conclusão deste pequeno mas elucidativo texto sobre fissuração nas
argamassas de reboco em paredes das construções queria apenas
destacar o conforto interior que o bom desempenho das envolventes bem
tratadas poderá proporcionar, para tal bastará uma boa manutenção,
coisa rara no nosso parque habitacional.
Poderão
ainda consultar: