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terça-feira, 6 de agosto de 2013



Fissuração não estrutural dos revestimentos em paredes

Não é incomum verificar degradação acentuada em paredes exteriores nas construções em Portugal nomeadamente em paredes construídas em alvenaria de tijolo furado.

Regra geral, em construções para habitação ou serviços, estes tipos de elementos são compostos, do interior para o exterior, por uma camada de pintura, estuque sobre uma camada de argamassa de reboco, 1º pano de alvenaria em tijolo furado, caixa de ar com isolamento térmico-acústico, 2º pano em alvenaria de tijolo furado geralmente de maior espessura, uma camada de argamassa de reboco e 2 camadas de pintura.

As patologias que incidem neste tipo de sistema de construção podem ser de causa humana ou natural, senão vejamos:

Causas humanas:

Ausência, má conceção ou má interpretação do projeto;
Falta de fiscalização na execução da obra que muitas vezes altera a obra relativamente ao descrito no projeto;
Quantificação inadequada das ações em sede de projeto estrutural;
Falta de qualidade dos materiais empregues;
Alteração na utilização da construção;
Alterações ou remodelações na construção sem que seja executado estudo.

Causas naturais:

Variações térmicas, vento, chuva;
Oxidação ou carbonatação dos materiais;
Crescimento de fungos, musgos, raízes;
Atividade sísmica, tempestades, fogo, explosões, etc.;

Cada uma destas causas pode provocar variadíssimas formas patológicas e consequente degradação das paredes nas construções. Abordemos hoje a fissuração das argamassas de reboco, anomalia muito comum nas nossas paredes quer exteriores quer interiores.

Se é verdade que este tipo de fissuras não prejudica o desempenho estrutural quer do elemento parede quer da própria estrutura, não será menos verdade afirmar que, nos paramentos exteriores, esta patologia compromete seriamente a estanquicidade á água da envolvente exterior pondo em causa um dos seus requisitos mais importantes.

Outros fatores serão ainda afetados tais como a durabilidade e integridade do sistema bem como a aderência á base dos rebocos.

As fissurações das argamassas em paredes interiores apenas comprometem o seu aspeto estético quando observadas fora dos locais de produção de vapor de água, nos locais como instalações sanitárias ou cozinhas ficará igualmente afetado o seu desempenho de estanquicidade.

 
O fenómeno de desenvolvimento de fissuras não estruturais nas argamassas de reboco e que depois se propagam ás camadas de pintura, azulejos, mosaicos ou qualquer outro material não elástico que lhe esteja colado, podem ser causadas por retração, cura inadequada, variações de temperatura, movimentação higroscópica, uso de inertes (areias) contaminados, uso inadequado nas quantidades dos ligantes (cimento/cal), entre outros.

 
Em geral este tipo de fissuras revela-se no revestimento (pintura, azulejos, mosaicos...) deixando á mercê dos agentes atmosféricos, nomeadamente da água da chuva, a função da parede comprometendo o seu desempenho em questões tão importantes como a questão estética e a sua estanquicidade á água.

 
Consequentemente funções como o desempenho térmico e acústico ficarão igualmente afetadas. Poderemos ainda incluir como consequência o desenvolvimento de bolores e a criação de condições adequadas á fixação de fungos, líquenes e bactérias nos paramentos exteriores que posteriormente desenvolvem raízes e provocam uma degradação mais acentuada nomeadamente em paredes exteriores pudendo levar ao destacamento das argamassa de reboco.

Evitar este tipo de patologia passa por garantir, no decorrer da construção, a utilização de materiais adequados ao tipo de construção e local onde se constrói bem como a utilização de mão-de-obra adequada ao trabalho a executar.

Eliminar estas patologias pode requerer a conjunção de várias ações:
  • Tratamento de fissuras mais relevantes;
  • Remoção completa ou parcial das camadas de tinta;
  • Secagem das argamassas e/ou da estrutura de suporte (pano de alvenaria);
  • Limpeza e tratamento da superfície afetada;
  • Aplicação de pintura com tinta apropriada e nas camadas necessárias.
Como conclusão deste pequeno mas elucidativo texto sobre fissuração nas argamassas de reboco em paredes das construções queria apenas destacar o conforto interior que o bom desempenho das envolventes bem tratadas poderá proporcionar, para tal bastará uma boa manutenção, coisa rara no nosso parque habitacional.

Poderão ainda consultar:




 




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